terça-feira, 12 de agosto de 2008

ARTESANATO E CULTURA : A possibilidade do avanço


Por Paulo Rubem

Não há uma única cidade no Brasil onde não encontremos artesãos e movimentos culturais em busca de apoio, visibilidade e oportunidades para apresentação de seus trabalhos.

Com a queda de preços em dólar é cada vez maior o número de estúdios para ensaio e gravação de bandas em muitas de nossas cidades. Nos bairros populares há uma grande quantidade de grupos de dança que, sem maiores oportunidades de intercâmbio e formação, reproduzem os modelos da indústria cultural e da música, copiando e apresentando coreografias de grupos de forró e bandas do chamado gênero "brega", presenças frequentes em emissoras de rádio e tv por todo o país.

Dados não oficiais informam que o artesanato, em suas múltipla facetas, emprega mais gente que alguns dos mais conhecidos ramos da indústria.

A culinária regional e local, o artesanato em couro, madeira, no barro, em tecido, prata e ouro, ferragens, fibras e produtos naturais, bem como nas artes plásticas, são ramos de atividades extremamente fortes em inúmeras regiões do país.

No Nordeste é mais destacada ainda essa produção, com regiões internas e cidades conhecidas por suas especialidades.

Em Jaboatão o quadro não é diferente.

Há artesãos em todos os bairros da cidade, como Dona Clotilde, no Jardim Prazeres, que costura o " fuxico", uma espécie de facção que se aproveita de restos de tecidos de outras costuras, fazendo colchas e forros para almofadas. Há o Sr. Oziel, no rio das Velhas, oleiro que fabrica em casa vasos de cerâmica e pequenas peças de barro. Há a Olaria do Cajá, próximo à ladeira de saída dos Montes Gurarapes, por trás do Córrego da Batalha.
Há ainda os artesãos de gesso de Cavaleiro, na Rua da Pipoqueira, próximo ao Colégio Moacir de Albuquerque.Isto sem falar na culinária, nas artes plásticas, nos metais e bijouterias, como Rogeiza, de Muribeca dos Guararapes, que instalou uma lojinha na própria casa para vender e expor sua produção.

Lamentavelmente, porém, não há na cidade uma política de cadastramento e incentivo ao artesanato. Não há sequer o cuidado de se fazer dos Mercados da cidade, sobretudo o de Prazeres, mais próximo da rede hoteleira de Piedade e da praia, um lugar atraente, limpo, interessante e convidativo para que os artesãos de Jaboatão exponham e comercializem suas peças.

O artesanato é parte importante dos atrativos que uma cidade tem para oferecer aos que nos visitam, seja em mercados e casas da cultura ou em exposições combinadas com hotéis e durante a realização de eventos.
Em 1992 aprovamos em Recife a Lei Municipal da Feiras de Artesanato, prestigiando o autêntico artesão, através de uma perícia em suas oficinas, emitindo-se uma certidão que lhe permitiria expor e ocupar os espaços das feiras de artesanato na cidade. Ao mesmo tempo a Lei previa a criação da casa do Artesão, permitindo aos artesãos do interior a venda de seus produtos em feiras de artesanato e exposições realizadas no Recife.

Em 2006-2007 fui o deputado Relator do Projeto de Lei que propõe a criação do Estatuto do Artesão, na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
Agora, quando disputamos a Prefeitura de Jaboatão, estamos construindo nossa proposta de trabalho para o setor, nas caminhadas, nas visitas aos artesãos e por meio de múltiplos diálogos com a sociedade.

São nossas metas :

1. Realizar o Censo Municipal do Artesão, identificando suas especialidades, condições de trabalho, deficiências e habilidades;

2. Por meio desse Censo, buscar formas de apoio ao trabalho do artesão, seja na busca de recursos para lhe facilitar a aquisição de matéria prima e equipamentos, seja com o apoio na organização de feiras e exposições;

3. Construír a Casa do Artesão e promover a reforma dos mercados municipais de modo a adaptá-los para que possam servir como equipamentos de apoio ao turismo, com locais adequados para a exposição das peças artesanais, espaço para apresentações culturais, gastronomia, além do abastecimento normal da cidade.

4. Mobilizar os comerciantes informais da beira da praia para a busca de padrões melhor desenvolvidos de serviços aos turistas e frequentadores da praia. A cidade precisa de espaços mais bonitos, planejados, confortáveis, com higiene e segurança, como se pode observar nas mudanças realizadas em outras cidades do litoral do Nordeste nos últimos 20 anos.

A Prefeitura buscará o apoio de orgãos de fomento ( BNB, BB e Ministério do Turismo )para assegurar o financiamento necessário à expansão e melhoria desses serviços pelos comerciantes autônomos das praias de Piedade e Candeias.

Há muito para fazermos. Envie sua sugestão para paulorubem12@gmail.com

Vamos fazer de Jaboatão uma cidade melhor e mais feliz para vivermos.

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