Da edição do Jornal Folha de São Paulo
28/12/2007 - 13h11
O Mandato reproduz a matéria de hoje da Folha de São Paulo. No final fazemos alguns comentários para estimular a sua reflexão.
2007 com menor endividamento em 9 anos
Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - A economia feita pelo setor público brasileiro para o pagamento de juros em novembro ficou abaixo do estimado por analistas, mas o resultado acumulado no ano é recorde e já supera a meta do governo para o ano em mais de R$ 17 bilhões, informou o Banco Central nesta sexta-feira.
O superávit primário elevado, aliado ao crescimento da economia e à inflação, contribuiu para reduzir o endividamento do país a 42,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, menor patamar desde dezembro de 1998, quando a relação dívida/PIB estava em 38,9%.
A expectativa do BC é que, em dezembro, o endividamento fique em, no mínimo, 43,5% do PIB, também menor valor anual desde 1998.
O superávit primário foi de R$ 6,817 bilhões em novembro, ante superávit de R$ 5,605 bilhões em igual mês do ano passado.
Analistas consultados pela Reuters esperavam um superávit de R$ 8,2 bilhões, de acordo com as projeções de dez economistas.
Segundo o chefe de Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o que surpreendeu foi o resultado das estatais, que registraram no mês um superávit de apenas R$ 26 milhões.
O governo central, em compensação, fez um superávit fiscal de R$ 4,784 bilhões, o maior para novembro da série do BC, iniciada em 1991. Estados e municípios registraram um superávit de R$ 2 bilhões.
No acumulado do ano, o resultado primário soma R$ 113,387 bilhões, frente a uma meta de R$ 95,9 bilhões.
Em outubro, o endividamento havia fechado em 43,2% do PIB. Lopes afirmou que, em novembro, contribuiu para a redução da dívida a depreciação cambial de 2,28%, uma vez que o país é ativo em câmbio.
Nos últimos meses, a queda do endividamento tem sido reflexo do resultado primário e do crescimento do PIB. A inflação relativamente elevada medida pelo IGP-DI também tem contribuído para reduzir a relação. É que o indicador é usado para trazer os valores do PIB a preços correntes para efeitos de cálculo da relação dívida/PIB.
"A tendência de queda mostra a sustentabilidade da dívida. Isso reduz o risco e a percepção dos investidores e isso pode se refletir em um custo mais baixo da dívida", afirmou Lopes a jornalistas.
Em 12 meses encerrados em novembro, o superávit primário ficou em patamar equivalente a 4,22% do Produto Interno Bruto (PIB).
...............
Pergunta-se :
Frente aos números acima revelados, qual é a efetiva prioridade do governo LULA em termos de gastos públicos ?
Por que o superávit superou em R$ 17 bilhões a meta prevista para o superávit ?
E a contribuição dos estados ? Por que disso, quando vimos péssimas escolas, presídios superlotados e graves crises na habitação e no saneamento nas regiões metropolitanas ?
Qual a prioridade, então, do governo LULA em termos de gastos públicos ?
Será o PAC ?
Mas o PAC da infra-estrutura para 2008 prevê R$ 9,6 bilhões apenas, valores ínfimos frente ao superávit obtido agora para 2007.
O que foi economizado acima da meta prevista agora representa 2/3 do que havia sido acertado entre os Ministros Guido Mantega e José Gomes Temporão antes da derrota da CPMF para o fortalecimento do SUS.
Afinal, é mais importante financiar a saúde ou financiar a acumulação dos que vivem da aplicação de seus excedentes de renda e patrimônio em títulos públicos ?
Com esses resultados fica evidente que os setores que multiplicam seu capital às custas da dívida foram os maiores vencedores da reeleição de LULA. Enquanto 45 milhões de pessoas recebem R$ 11 bilhões do bolsa-família, 20.000 famílias mais ricas, representadas por fundos de investimento e bancos nacionais e estrangeiros, recebem R$ 113 bilhões do superávit primário e no orçamento de 2008 já se prevê R$152bilhões para os apaniguados do tesouro nacional.
O Presidente LULA não vê isso ?
Está euforico com o crescimento do PIB !
Bem, se não vê, ou se vê e argumenta que essas são as regras do mercado,as regras para se atingir a estabilidade e o grau de investimento, percebe-se que a democracia que elegeu LULA é uma democracia relativa, castrada em seu poder de decisão.
Até se pode vencer e reeleger um operário para Presidente da República mas a democracia e seus dois mandatos não podem tocar nos ganhos astronômicos que o mercado tem aplicado na dívida pública. Lastimável.
Quantas pessoas morrerão por falta de saneamento, assistência hospitalar,estradas seguras, policiamento efetivo nas grandes cidades, tudo para atender à ganância dos "investidores" ( ou serão saqueadores ) do mercado ?
Quantas famílias não permanecerão embaixo das lonas pretas dos assentamentos à espera de mais verbas para a reforma agrária ?
A euforia do crescimento do PIB, a miopia e o descaso frente a essa disparidade nos gastos públicos entre juros e dívida pública e gastos sociais nos fazem lembrar dos tempos sombrios do milagre brasileiro. E registramos que estamos em plena "democracia" !!!
Que em 2008 sejamos capazes de tirar o véu da embriaguez governista que parece ter tomado conta de muita gente que, quando na oposição, faria protestos e mais protestos frente aos números do superávit acima revelados. Onde está a CUT, onde estão parlamentares e movimentos sociais que até 2002 combatiam ferozmente essa lógica fiscal à favor da acumulação ?
A vida de(ver)ia ser bem melhor, e será !!
Paulo Rubem Santiago.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
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