quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

MANDATO PARTICIPA DO XVII ENCONTRO ESTADUAL DO MST



Por Paulo Rubem Santiago

Foi aberto nesta quarta-feira, às 15:30h em Caruaru, no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, o XVII Encontro Estadual do MST. Nosso mandato esteve presente, sendo o único a estar na abertura do encontro, entre os deputados estaduais e federais de Pernambuco.Nossa saudação aos participantes enfatizou a importância do evento na atual conjuntura, quando começam a se espalhar notícias que apontam a possibilidade de fecharmos o ano de 2007 com taxas de crescimento do PIB próximas de 5% ou algo mais. Alertamos para que esses indicadores não sirvam de anestesia para os movimentos sociais no País. Vivemos uma situação de profunda exclusão social em diversas áreas da vida brasileira. Os índices de execução do orçamento federal nos últimos anos não têm conseguido avançar na universalização de direitos com qualidade, como na educação básica, na habitação popular, no saneamento, na reforma agrária e na segurança. O País enfrenta fatos sucessivos que demonstram a tutela dos interesses financeiros nacionais e internacionais sobre a divisão do tesouro nacional, bastando para isso vermos os números da dívida pública, quanto pagamos nos últimos 13 anos desde a la. eleição de FHC, seu segundo mandato e esses já cinco anos de governo LULA. Para 2008 os juros e a amortização da dívida pública levarão mais de 47% de recursos no orçamento federal. Só os juros levarão mais que todas as despesas federais com saúde, educação, ciência e tecnologia, bolsa-família e outras despesas. Na área do agronegócio divulga-se que o País poderá ocupar a liderança no setor de biocombustíveis no mundo, com larga vantagem atribuída ao etanol. Quem vive nas regiões canavieiras de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e outros estados do sul sabe o que isso representa, além de sabermos que essa cultura tem baixo valor agregado e gera uma massa salarial de baixíssimo valor. Em alguns séculos a cultura canavieira gerou muitas riquezas para poucos, miséria em larga escala nas cidades onde se instalou, financiou oligarquias em governos estaduais e vários mandatos nas Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional, gerou analfabetismo, explorou o quanto pode o trabalho infantil, promoveu a concentração de renda, imensos passivos trabalhistas, ambientais, fiscais, previdenciários e de crédito junto aos bancos estaduais e ao Banco do Brasil. Por isso é bom abrirmos os olhos para a febre do etanol que começa a se espalhar no País, com a entrada feroz de capital estrangeiro na compra de empresas locais e nacionais, internacionalizando a monocultura e expandindo suas áreas de cultivo sobre outras culturas agrícolas voltadas para o mercado interno, como o milho, o feijão e a mandioca.
Ao mesmo tempo é importante manter o enfrentamento ante o avanço de outras empresas multinacionais que tentam nos impor novas cultivares transgênicas, como o milho, quando sabemos que em todo o País milhões de agricultores mantêm seus bancos de sementes, com independência frente aos monopólios que tentam nos fazer retroceder a mais de 500 anos, fazendo do país um grande pólo de acumulação de riquezas para as novas forças econômicas do mundo do agronegócio.
Antes, vinham aqui para levar o ouro, o pau-brasil, pedras preciosas, como levaram a prata da Bolívia, o cobre, o estanho e outras riquezas dos países da américa central e da américa do sul.Por isso reafirmamos a necessidade da presença dos movimentos sociais nas ruas, quando hoje vemos entidades sindicais, algumas centrais, correntes políticas de esquerda internas no PT e alguns mandatos parlamentares e até partidos do campo democrático atuando de forma limitada, como se fossem correias de transmissão do governo LULA, sem aprofundarem uma análise mais profunda do atual momento em que passamos. O mandato saudou todos os participantes e renovou os compromissos de luta pela reforma agrária, pela organização do povo e pela construção de um poder efetivamente popular, rumo a uma sociedade soberana e socialista. Assim comungamos com o MST.
É preciso Massificar, Organizar e Construir o Poder Popular !

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