Por Paulo Rubem Santiago
Nosso mandato enviou mensagem, cuja teor dispobilizamos aqui, expressando solidariedade ao Procurador da República, Dr. Lucas Furtado, por suas declarações sobre a necessidade de alterações no processo orçamentário brasileiro, tantas as evidências de que na elaboração e execução de nossas leis de receitas e despesas pairam indícios permanentes de corrupção com eventuais pagamentos de propina a parlamentares pela aprovação de emendas ao orçamento da união.
As declarações do Procurador foram prestadas em função de denúncia apresentada pelo Deputado Federal Giovanne Queiróz, do PDT-PA, frente a propostas/emendas de obras apresentadas ao Orçamento com fortes indícios de superfaturamento na construção de cada quilômetro.
O assunto foi tratado no último domingo pelo Jornalista Élio Gaspari, em sua coluna publicada nos Jornais Folha de São Paulo e O Globo.
O Procurador foi atacado por alguns membros da Comissão Mista de Orçamento, Planos e Fiscalização do Congresso, da qual sou membro titular.
Com satisfação anexamos a resposta recebida por nosso gabinete em Brasília, enviada ontem, dia 12, pelo Procurador, Dr. Lucas Furtado.
Nossa mensagem ao Procurador
Exmo. Sr.
Procurador
D. Lucas Furtado
É com satisfação que me dirijo a vossa excelência, na condição de Membro da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização e Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção para vos externar solidariedade frente à repercussão das declarações emitidas por V.Exa. acerca da tramitação da matéria orçamentária para o exercício de 2008, ora em discussão na Comissão Mista de Orçamento-CMO.
No início deste ano cheguei a ser designado Relator do projeto de Lei para a LDO 2008 mas, semanas depois, por ter atuado junto ao TCU, em audiência com o Ministro Benjamim Zimler, buscando o levantamento de todas as auditorias realizadas pelo Tribunal acerca da INFRAERO, e por ter apresentado requerimento ao pleno da CMO solicitando a requisição da relação dessas auditorias, fui cassado de Relatoria da LDO 2008, quase um mês depois de minha designação para relator da mesma, sem qualquer comunicação formal.
O novo Relator, semanas depois, apresentava seu parecer propondo um "Plano de Metas", de sua própria lavra, por ser 2008 o primeiro ano de um novo governo e, assim sendo, o Plano de Metas no qual a LDO deveria se orientar só seria apresentado quando da votação do PPA, neste segundo semestre. Imagine-se um "Plano de Metas" elaborado por emenda de Relator. Que interesses seriam atendidos por essas metas, que critérios seriam adotados para a escolha dessas metas ?
Por isso reafirmo a necessidade de uma urgente revisão da forma como tramita o processo orçamentário no Congresso Nacional.
Exemplo de nossas proposições seguem em anexo, em apresentação que fiz na última segunda-feira, na UnB, em evento promovido pelo escritório da ONU de Combate às Drogas e ao Crime, alusivo ao Dia 9 de dezembro, Dia Mundial de Combate à Corrupção. Na mesa de exposições participaram também o Ministro Gilson Dipp, do STJ, o Ministro Jorge Hage, da CGU e representantes de entidades civis, como o CONTAS ABERTAS.
Por fim comunico a V.Exa. que sou autor de PL assegurando aos Membros do Ministério Público da União junto ao TCU o acesso às informações de natureza bancária e fiscal de agentes públicos e privados quando da realização de investigações sobre o suo de recursos públicos.
Finalizamos reafirmando nossa solidariedade à V.Exa. , expressando ainda votos de estima e consideração.
Atenciosamente
Paulo Rubem Santiago
Deputado Federal PDT-PE
ps. considerando o acúmulo de divergências, discriminações e perseguições sofridas desde 2003, sobretudo a recente cassação da Relatoria da LDO, há dois meses, depois de 28 anos de vida partidária, inclusive como fundador do partido, desfiliei-me do PT. O Partido, então, apresentou recurso ao TSE pedindo a cassação de nosso mandato.
A resposta do Procurador
Exmo. Sr. Deputado Paulo Rubem Santiago,
Agradeço a mensagem de apoio.
Soube que serei interpelado judicialmente pelo Congresso Nacional e que fui convidado a comparecer à Comissão de Orçamento para prestar esclarecimentos acerca de declarações minhas feitas em um seminário sobre corrupção realizado em Brasília na semana passada e que serviram de fundamento para a matéria publicada no jornal O GLobo. Lamento que o ofício que enviei ao Sr. Presidente e ao Sr. Relator-Geral do Orçamento não os tenha convencido de que não tive qualquer inteñnão de ferir a honra ou imputar conduta imprópria de qualquer membro da mencionada Comissão. Busquei tão-somente criticar o sistema de elaboração e de execução do orçamento nacional, que reputo um dos pontos mais vulneráveis à fraude em nosso ordenamento jurídico.
Agradeço o valoroso apoio de V. Exa. e da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção. Preciso desse apoio não para a minha defesa pessoal. Tenho plena convicção de não ter comentido crime ou praticado qualquer ato ilícito contra a honra de qualquer Parlamentar. Preciso desse apoio para buscar a melhoria do sistema orçamentário brasileiro, para o bem do Brasil.
Tenha igualmente minha solidariedade em relação ao tema referido por V. Exa. no final de sua mensagem. Tenha certeza que poderá V. Exa. contar com minha colaboração e apoio.
Respeitosamente,
Lucas Rocha Furtado
Procurador-Geral MP/TCU
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
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