terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Em Pernambuco assassinatos se assemelham a faxina social

Matéria reproduzida do Blog de Jamildo ontem, foi escrita pelos autores no ano passado,em agosto, mas é extremamente atual.

www.blogdejamildo.com.br

Pernambuco é marcado pela 'faxina social'
Eric Beauchemin e Daniela Stefano

'Faxina social' é a definição do jornalista Eduardo Machado para o que ocorre no Pernambuco. O editor do PEbodycount, website que conta o número de vítimas fatais neste Estado do nordeste brasileiro afirma que "pobres, negros, moradores de periferia e desempregados" são as vítimas dos assassinatos.

O Pernambuco tem os índices de homicídios mais altos do Brasil. Enquanto no país, para cada cem mil habitantes há 19,5 mortos, nesse Estado do nordeste há 54 homicídios por cem mil habitantes. Em 2007, o número de assassinatos no Estado, segundo dados oficiais, subiu para 2617, mas fontes não oficiais falam de 4592 vítimas. "O que me choca é o fato de a sociedade pernambucana achar isso normal", conta Eduardo Machado.


Uma das ações do PEbodycount é pintar o local onde um assassinato ocorreu.

Um grupo de repórteres policiais do Jornal do Commércio criou, em maio de 2007, o website PEbodycount (contador de corpos de Pernambuco).

Além de registrar a quantidade diária de homicídios e dar rosto às vítimas, divulga também notícias relacionadas com a segurança pública e destina espaço para que o internauta comente os dados ali apresentados.

Para manter o registro atualizado, realizam o que chamam de 'ronda telefônica', ou seja, ligam para cerca de 50 números, entre delegacias, batalhões da polícia militar, hospitais e Imls. Diariamente, ao meio-dia, atualizam o website.

Eduardo Machado explica que, embora o problema seja admitido pelas autoridades, as causas de tantos homicídios só agora começam a ser estudadas pela comunidade acadêmica:

"Não há uma resposta científica, embora haja estimativas. A polícia diz que muitos dos crimes estão relacionados com o narcotráfico, ou brigas entre gangues, mas o que a gente vê na prática é, em muitos casos, a vontade de fazer justiça com as próprias mãos".

Machado descreve o perfil da vítima: jovem, entre 15 a 24 anos, negro, e morador da periferia cidades pernambucanas. "Gente pobre, de baixa instrução, que não tem oportunidades."

O mapa da violência

Um outro projeto em desenvolvimento é um website que marca com uma bandeira vermelha no mapa das cidades o local onde ocorrem os homicídios: "Com essa disposição espacial é possível ver que os crimes estão concentrados nas áreas mais pobres de Pernambuco", diz o editor do PEbodycount.

O objetivo, segundo ele, é deixar claro que onde não há cidadania ou a presença do Estado o crime se torna corriqueiro. "A relação entre falta de assistência social e criminalidade já está provada".

Na opinião de Eduardo Machado, é preciso investir nessas áreas para diminuir a violência. No entanto, a tarefa não é fácil: "Há uma desigualdade social muito grande e a redistribuição de renda não interessa à classe média e à elite do país. Motivo pelo qual a violência continua".


COLABORAÇÃO
L TRIBUNA(EM FERIAS)
BIB CTG UFPE

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