segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Por que se paga pouco aos professores ? ( 2 )




Um profissional da educação básica, casado, com dois filhos, com um salário desses, sem herança ou poupança prévia, terá condições de ter um carro em boas condições, casa própria, lazer e condições adequadas de sobrevivência?

É nesse contexto que perguntamos :

- Por que se paga tão pouco aos professores?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, já havia estabelecido a diretriz da formação em nível superior para todos os profissionais da educação, seguindo uma tendência mundial de se buscar a formação universitária como meio essencial de conseguir a qualidade do exercício docente na direção da melhoria da educação básica. De lá para cá são decorridos 12 anos, entrando-se já no 13º. ano de vigência da lei.

Por esse caminho, o da titulação superior, percebe-se que para chegar à licenciatura um educador terá cursado os oito anos do ensino fundamental (várias deles certamente chegaram à escola dois ou até três anos antes disso), os três anos do ensino médio e mais cinco anos da graduação, completando, no mínimo, 16 anos de estudo. Ao assumir um contrato de 40hs semanais, esse educador praticamente sela seu destino remuneratório, sobrando-lhe pouco tempo ou quase nada para buscar outra fonte de renda, caso reserve um período ( manhã, tarde ou noite) para se dedicar a outros afazeres, sobretudo familiares, como a educação de seus próprios filhos.

Como se pode admitir, portanto, que se pague a um educador nessas condições, submetido a jornadas em comunidades as mais díspares possíveis, em meios sócio-econômicos profundamente diferenciados (os indicadores de violência e criminalidade entre crianças e adolescentes cresceram vertiginosamente entre os anos de 1980 e 2000) os salários que são oferecidos por todo o país ?

Parece-nos, à luz da capacidade de arrecadação do tesouro nacional e do papel do ente federal na cooperação governamental fiscal com estados e municípios, que o argumento da escassez de recursos nos estados e municípios é falacioso, diria cínico, quando se trata de garantir receitas para assegurar um dos pilares da luta pela educação básica de qualidade, ou seja, a valorização dos profissionais da educação.

(continua na 3a. parte )

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