Por Paulo Rubem Santiago
Pulicamos nossa saudação distribuída aos delegados da 13a. Conferência Nacional da Saúde, que se inicia hoje em Brasília.
O FINANCIAMENTO DA SAÚDE E A SANGRIA DA DÍVIDA PÚBLICA
No momento em que se inicia a 13ª. Conferência Nacional de Saúde saudamos as delegações presentes e gostaríamos de contar com a atenção de cada um e de cada uma para a discussão em curso no Congresso Nacional dos projetos de lei do Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 e da Lei orçamentária para 2008(LOA).
Durante o primeiro mandato de governo do Presidente LULA foi adotada uma política macroeconômica que reproduziu os procedimentos implantados no período de FHC, sobretudo após a assinatura do acordo com o FMI em 1999, pelo qual o governo brasileiro poderia sacar até US$ 45 bilhões de dólares, para pagar os compromissos em moeda estrangeira.
Desde então uma nova gestão foi imposta às contas públicas, destacando-se aí a figura do superávit primário, economia feita nos gastos públicos, deixando de fora, as despesas vinculadas aos juros (serviços) da dívida pública interna e externa. Com o superávit se tenta pagar, a cada vencimento, os juros dessas dívidas.
Essa economia tem imposto vários cortes orçamentários, desvio na aplicação de recursos, programas sociais com execução incompleta e perda de resultados quanto à universalização e qualidade dos serviços públicos prestados à população. A divisão indevida na execução dos gastos orçamentários é encontrada nas propostas do PPA e da Lei orçamentária para 2008.
Enquanto todos os investimentos do PPA até 2011 são estimados em R$ 396 bilhões, só entre agosto de 2007 e agosto de 2008 estarão se vencendo R$ 405 bilhões em títulos da dívida pública mobiliária. Na proposta de lei orçamentária para 2008 estão previstos, para pagamento de juros da dívida pública, R$ 152 bilhões de reais e apenas, após as negociações na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, R$ 48 bilhões para a saúde.
Esses R$ 152 bilhões (11,45% do tesouro em 2008) representam R$ 30 bilhões de reais a mais que os gastos federais com saúde, educação, combate à pobreza, ciência e tecnologia e outras despesas ( 9,56% do tesouro em 2008 ), com o bolsa-família incluído.
É verdade que desde 2003 houve mudanças em vários indicadores econômicos, como a inflação, a relação entre a dívida e o PIB e a redução das taxas de juros. Esses indicadores, entretanto, escondem outra realidade que é a desigualdade do gasto público. A recente regulamentação da EC 29, apontando mais R$ 24 bilhões para os próximos seis anos no SUS, ainda é pouco. Enquanto isso, entre agosto de 2006 e agosto de 2007, a dívida em títulos no mercado interno aumentou R$ 31,2 bilhões de reais. Os gastos com juros ampliam o patrimônio financeiro das elites. Os investimentos em saúde promovem a vida. Por isso vamos reforçar o controle social no SUS e lutar por mais verbas para a saúde pública.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
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