quarta-feira, 9 de julho de 2008

INQUÉRITO DO MENSALÃO GERA NOVAS PRISÕES PELA POLÍCIA FEDERAL



Por Paulo Rubem

Você ainda lembra do chamado caso do "Mensalão".

Anos atrás um empresário filmou o pagamento de propina a um diretor dos Correios e divulgou a fita. O diretor afirmava que Roberto Jefferson, do PTB, cobrava contibuições ao partido das receitas que eram geradas dentro da empresa.

Flagrado no esquema e sem a defesa que esperava pudesse receber do PT e do governo, Jefferson denunciou que havia um esquema de formação de caixa com recursos para pagamento a partidos e parlamentares, por dívidas de campanha e apoio à base do governo no Congresso. Ao depor na CPI dos Correios Jefferson disse " vocês ainda vão ouvir muito falar num cidadão chamado Marcos Valério".

De lá para cá o baú da corrupção foi aberto.

Valério era proprietário de uma empresa de publicidade em Minas Gerais.

A empresa e seus contratos foram investigados. No meio de tudo, um banco, o Banco Rural, de quem o PT diz ter recebido empréstimos.

O processo, ao final , foi parar no STF, após denúncia do Procurador Geral da República, tratando o caso como formação de quadrilha para desvio de dinheiro público, entre outros crimes. Os réus, entre outros, Marcos Valério, alguns dirigentes e parlamentares do PT, banqueiros e demais empresários.

O que aconteceu agora ?

Com o envio de parte do processo, pelo STF, para São Paulo, novas investigações foram feitas, após a quebra do sigilo do computador do Banco Oportunitty, que detinha participação acionária na Brasil Telecom, Telemig e Amazônia Celular, todas, empresas "clientes" da agência de publicidade de Marcos Valério.
Nesse computador a PF encontrou fartas informações sobre as operações agora reveladas.
Pois bem, feitas as investigações ai estão os indícios(devem ser forte mesmo )de que a montanha de empresas, negócios e valores adentrou o mundo da criminalidade, com várias condutas apontadas.

Por que tratamos disso aqui agora ?

Porque quando começou o escândalo dos Correios fiz parte de um grupo de deputados, à época filiados ao PT, que exigiu a apuração profunda de todas as denúncias. Assinei, inclusive, a CPI dos Correios. Esses deputados integraram o "Bloco de Esquerda" na bancada do PT.

Nossas atitudes nos renderam atos de discriminação na bancada, isolamento, abandono em campanhas eleitorais, como sofremos em Jaboatão em 2004, tentativa de nos derrotarem nas eleições de 2006, entre outras situações vividas e reveladas pela imprensa do País e de Pernambuco.

Agora, se já antes, com a aceitação da denúncia do "Mensalão " pelo STF nos havíamos respirado serenos, com a certeza de que havíamos acertado em cobrar a apuração das denúncias, mais uma vez, percebe-se que nossas condutas eram e foram necessárias para a consolidação da ética na política, da democracia e para a efetiva separação entre os interesses privados movidos pelo crime dentro do Estado e a necessária e correta participação do setor privado na vida econômica do País.

Vamos aguardar o desdobramento das investigações, sabendo que os presos têm muito dinheiro, poderão pagar os melhores escritórios para lhes defenderem e muita água ainda vai rolar até que sejam efetivamente condenados e levados ao cumprimento das penas.

Aqui o registro dos deputados que se mantiveram firmes em defesa da apuração das denúncias dos Correios e do "Mensalão".

Maninha(PT-DF), foi para o PSOL e não se reelegeu em 2006

Chico Alencar (PT-RJ), hoje reeleito pelo PSOL

Walter Pinheiro(PT-BA), ainda hoje deputado e no PT

Orlando Fantazini(PT-SP), foi para o PSOL e não se reelegeu em 2006

Ivan Valente(PT-SP), hoje deputado pelo PSOL

João Alfredo(PT-CE), foi para o PSOL e não se reelegeu em 2006

Nazareno Fonteles(PT-PI), ainda hoje deputado federal e no PT

Iara Bernardi(PT-SP), não se reelegeu em 2006

Orlando Desconsi(PT-RS), não se reelegeu em 2006

Luis Alberto(PT-BA), ainda deputado pelo PT, hoje licenciado e Secretário da Igualdade Racial no governo estadual da Bahia

Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), em 2006 ficou como Suplente e hoje exerce o mandato, ex-Secretário Nacional de Justiça em 2007.

Dr. Rosinha (PT-PR), reeleito em 2006, hoje Presidente do Parlamento do Mercosul

Paulo Rubem Santiago(PT-PE), hoje no PDT

Mauro Passos ( PT-SC), hoje não mais deputado.

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