quarta-feira, 15 de abril de 2009
PDT inicia ciclo de debates sobre a crise e as alternativas para o Brasil
Por Paulo Rubem
Foi aberto ontem, no Auditório Freitas Nobre, no anexo IV da Câmara dos Deputados, o Ciclo de Debates promovido pelo Diretório Nacional do PDT com participação e apoio das bancadas do partido na Câmara e no Senado.
Os próximos debates acontecerão nas principais capitais brasileiras, até o início de dezembro desse ano, abordando educação, seguridade social, direitos dos trabalhadores, energia, desenvolvimento regional,saúde, meio ambiente, cultura, entre outros.
As discussões foram conduzidas pelo Secretário Geral Nacional, Manoel Dias, presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.
Na mesa de abertura estiveram presentes o Senador Cristovam Buarque, o Líder da bancada na Câmara, Deputado Brizola Neto(PDT-RJ), o Presidente em exercício do partido, o também Deputado Vieira da Cunha(PDT-RS) e nossa participação, representando os Vice-Líderes da bancada.
O primeiro debate teve exposições do Professor Fernando Ferrari, da UFRGS e Presidente da Associação Keynesiana Brasileira, do ex-Deputado Sérgio Miranda, presidente do PDT de Belo Horizonte, do ex-governador Alceu Colares e do Economista e professor João Sicsú, da UFRJ, atual Diretor de Política Macroeconômica do IPEA.
Sérgio Miranda abriu os trabalhos enfocando a natureza da crise e a forma como o País foi sendo progressivamente vinculado e inserido na correnteza do pensamento neoliberal nos últimos 15 anos, ressaltando que a dívida pública foi o instrumento privilegiado de acumulação dos capitais rentistas, em detrimento da transferência de recursos do tesouro para se alavancar o padrão de investimentos na infra-estrutura e nas políticas sociais.
Sérgio destacou que a maioria das grandes empresas nacionais vinha tendo lucros fabulosos nos últimos anos com a aplicação de suas receitas em operações financeiras e não na produção propriamente dita, citando, como exemplo, o caso da SADIA, com 60% de seus lucros, nos últimos , vindos dessa operações.
Fernando Ferrari expôs, sob a ótica dos trabalhos de John Maynard Keynes, o papel que deve caber ao estado na regulação dos fluxos de capitais e na promoção de investimentos que visem aumentar a capacidade produtiva e a geração de empregos na sociedade.Sinalizou, ainda sob a ótica de Keynes e de Mynski, outro economista pós-keynesiano, as ferramentas que deveriam ser adotadas para reformularmos as relações do estado com a economia, sobretudo com as esfera financeira, dada a sua agressividade em busca da multiplicação dos ativos.
Ferrari apontou, sobretudo, que a crise encerra a fase do pensamento único, tão nefasto à liberdade de consciência e de construção coletiva de alternativas para o país.
Essa fase foi marcada pela imposição de decisões macroeconômicas desde a era FHC, passando pelo período de LULA, tantas foram as afirmações de que sem a adoção dessas medidas ( juros elevados, superávit primário, câmbio flutuante, gestão " responsável da dívida pública" etc ) o País não receberia investimentos externos.
Colares recuperou as bandeiras do nacionalismo e da soberania, sobretudo agora, quando muitos países foram literalmente capturados pelo processo de ajuste à crise da dívida externa e à imposição das reformas na direção no estado mínimo.O ex-governador enfatizou que é urgente a recuperação da soberania e da autonomia na tomada de decisões em economia e conclamou a todos para um profundo engajamento na construção do partido, sobretudo com o ingresso da juventude nas atividades partidárias.
João Sicsu expôs um conjunto de dados que apontam para a recuperação ainda leve da economia estimando um crescimento de 1,5 % a 2,5 % para 2009. Defendeu que há necessidade de redução da meta de superávit primário na atual conjuntura, admitindo que o governo poderia fazê-la chegar a zero pois o déficit nominal nas contas públicas chegou a 1,5 % do PIB, quando o nível considerado de referência nos países da zona do Euro é de 3 %.
Sicsu tratou também, como já havia exposto em seus mais recentes livros, de um outro plano de desenvolvimento, cabendo ao Estado organizá-lo, discernindo, para tanto, os capitais externos que vem para o investimento daqueles que visam apenas a sua própria multiplicação através da dívida pública.
Por fim, alertou para a grave crise que se apresenta hoje em nossas reservas cambiais, quando a remessa de lucros das multinacionais já vem sendo superior à capacidade de captação de dólares através das importações. Segundo Sicsu essa situação se deve ao período das privatizações e da entrada de capital estrangeiro para aquisição de empresas e participação em fusões, com grande parte de nossas principais atividades produtivas estando hoje desnacionalizadas.
Na fase dos debates defendemos que o partido aprofunde as análises sobre a crise com sub-grupos que tratariam de fortalecer ainda mais a compreensão da política cambial, da política fiscal, da política monetária e o padrão de investimentos necessários à mudança do perfil produtivo e exportador da economia brasileira.
No site do PDT ( www.pdt.org.br ) já estão sendo publicadas as informações sobre o evento que foi filmado e será editado em DVDs a serem distribuidos aos militantes e simaptizantes do aprtido.
Nas imagem, a abertura do evento.
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