quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Um em cada 10 brasileiros com mais de 15 anos ainda não sabe ler e escrever















Da Redação da " Folha on line "
Em São Paulo


Um em cada dez brasileiros com mais de 15 anos de idade ainda não sabe ler nem escrever. Esse contingente de 14,1 milhões de brasileiros é analfabeto, segundo os critérios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ou seja, eles não são capazes de ler e escrever um bilhete simples na língua materna.

O número pode parecer alto aos olhos de internautas letrados, mas é o índice mais positivo dos últimos 15 anos, segundo a Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta quinta-feira (18). Em 1992, a taxa de analfabetismo era de 17,2% entre pessoas de 15 anos ou mais de idade - em 2007, o índice caiu para 9,9% seguindo uma tendência histórica de queda.

"Quando se fala em educação, as mudanças não acontecem a curto prazo. Se compararmos com esses dados de quinze anos atrás, vemos uma tendência na diminuição de analfabetos, ao mesmo tempo que há uma ligeira queda na população", afirma Adriana Bernguy, técnica do IBGE e membro da coordenação de renda e emprego.

O Nordeste ainda é a região que mais registra analfabetos: é onde estão 19,9% dos brasileiros sem alfabetização. Apesar disso, é também a área que teve maior redução da taxa nos últimos 15 anos, caindo de 32,7% para 19,9%.

O Sul tinha, em 1992, o menor índice de analfabetismo. Em 2007, se reafirma na liderança: os 10,2% de 15 anos atrás se transformaram em 5,4%. Sudeste vem na cola, com apenas 5,7% de analfabetos, diferente dos 10,9% de 1992.

Norte e Centro-Oeste têm hoje, respectivamente, 8,4% e 8,1% de pessoas que não sabem ler nem escrever, reduzindo, nessa ordem, os 13,1% e 14,5% de 15 anos atrás.

8º na América Latina


Enquanto o indicador de analfabetismo sinalizava 9,6% da população em 2006, no ano seguinte o índice registrou diminuição de 4 pontos percentuais no total, fixando em 9,2% em 2007.

Apesar da queda, o Brasil ocupa a oitava posição dos países da América Latina com maior índice de analfabetismo, superando um time que inclui Haiti, Guatemala, Nicarágua, Honduras e Jamaica.

O número de brasileiros considerados alfabetizados - ou seja, que sabem ler e escrever bilhetes simples - porém, fica atrás de locais com desenvolvimento inferior, como Suriname, Panamá e Paraguai."Se compararmos o desempenho histórico brasileiro, temos melhoras, mas estamos muito longe do que pode ser alcançado", diz Bernguy.

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NOSSOS COMENTÁRIOS

Um País que tem, ainda, em pleno século XXI, 14 milhões de analfabetos, não pode se vangloriar de que está no rumo certo. Esses números representam quase duas vezes a população de Pernambuco.

Imaginemos dois estados como o nosso com toda a sua população analfabeta. Mais grave é percebermos que desde a Constituição Federal de 1988 já se deveria ter erradicado o analfabetismo no país. Para isso deveria ser aplicada pelo menos a metade dos 18% das verbas federais a serem destinadas à educação. Recursos não faltam, portanto.

Em 2001, a discussão da Lei para o Plano Nacional da Educação- PNE, previa a aplicação até três anos depois, de 7% do PIB em educação. Nada disso aconteceu. A Lei do Plano foi aprovada, a Lei Federal 10.172, sendo esssa norma do PNE vetada por FHC.

No governo LULA (dois governos!) o Congresso ainda não analisou esse veto, para decidir se vai mantê-lo ou derrubá-lo.

Por que o governo LULA não assumiu como prioridade o fim do analfabetismo no País ?

E agora querem tirar 0,5% do PIB para criar um "Fundo Soberano", visando investimentos no exterior ?

É esse País que nos instiga e nos motiva a continuarmos combatendo o jogo das prioridades que transfere aos mais ricos, só para 2009, R$ 233 bilhões de juros e amortizações da dívida, os mais ricos que aplicam suas rendas na dívida pública e, agora na crise, recebem créditos do Banco Central e, mais uma vez, os aplicam, novamente, em títulos públicos.

2 comentários:

Anônimo disse...

" Não é possível refazer este País,
democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho e inviabilizando o AMOR. Se a educação, sozinha, não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."
Paulo Freire

Paulo Rubem Santiago disse...

Sempre será oportuno e necessário nos lembramos de Paulo Freire, sobretudo nesses anos de governo LULA onde os esforços têm sido percebidos em busca de uma educação inclusiva mas num contexto em que , cada vez mais, quando se pensa em inclusão se associa educação às necessidades do mercado, quase que pura e simplesmente.