terça-feira, 23 de dezembro de 2008
BRASIL : OS JUROS ALTOS e essa mercadoria chamada "dinheiro"
Por Paulo Rubem
Quanto custa a uma família com dois filhos e consumo básico de energia em casa pagar sua conta de luz no final do mês ?
Quanto sai para a Eletrobrás e suas subsidiárias ( FURNAS, CHESF, ELETRONORTE... ) produzir um kilowatt para a população ?
Quanto custa para uma fábrica de automóveis produzir um veículo 1.0 básico ?
Quanto custa para uma companhia de água e esgoto, seja a pernambucana COMPESA ou a paulista SABESP, produzir um litro de água potável e oferecê-lo aos consumidores ?
Fazemos essas perguntas pois o custo do dinheiro, quando esse bem vira mercadoria sob a forma de "crédito", chega a níveis exorbitantes no nosso país. Isso pode ser verificado pelo teor da matéria que republicamos na postagem anterior desse blog, disponível hoje, 23 de dezembro, no site da "Folha de São Paulo".
Quando o cidadão "compra " esse dinheiro nos bancos através da obtenção de um empréstimo singular ( uma vez), quando se vale do cheque especial ( comprando um crédito regularmente, todo mês) ou quando se compra o direito de comprar mercadorias(mais uma vez, comprando dinheiro junto a uma administradora de um "cartão de crédito"), o que se paga por esse dinheiro, os JUROS, são, no Brasil, como já dissemos, exorbitantes. Um verdadeiro assalto !!
Mas o que faz com que o dinheiro esteja disponível para ser " vendido" e quanto de dinheiro pode ou não estar disponível para ser vendido a quem dele necessita ?
Apesar de tantas diferenças, banana e dinheiro têm lá suas semelhanças.
Quanto mais bananas houver na bancas das feiras, maior a possibilidade do seu preço ser baixo aos consumidores. Quanto mais dinheiro houver para servir de crédito(para ser tomado por empréstimo direto ou indireto, via cheque especial, por exemplo ), poderá esse dinheiro sair mais barato ou não.
Só que há uma diferença. Comprando bananas você não paga com bananas. Comprando dinheiro você paga com dinheiro, esse é hábito nas transações por crédito.
Pode até haver quem ( duas partes) negocie dinheiro e recebe outras mercadorias como pagamento. Os agiotas são os que mais fazem isso.
Já que o preço do dinheiro comprado é o juro que se paga por ele mais a parte igual adquirida, que regras definem O PREÇO DO DINHEIRO ?
Ou será que não há regras ?
Como se verá na matéria, o spread bancário é altíssimo, sendo uma espécie de taxa que se paga( além do principal e dos juros ) pelo risco de não se pagar o dinheiro comprado(em parcelas + juros devidos).
O spread é uma espécie de malandragem geral. Por que alguns compradores não pagam o dinheiro comprado nas condições contratadas todos os que "compram" ou pretendem comprar dinheiro são penalizados pelos que "vendem" dinheiro.
E isso acontece com a passividade geral, a indiferença interessada ou alguns discursos de faz-de-conta das autoridades monetárias e fazendárias do país.
Quanto você compra energia e não paga no final do mês a empresa corta o fornecimento. Idem com a água.
Com o seu carro comprado financiado, se você atrasa além da conta, lá vai seu nome pro SPC e SERASA, havendo até o risco de você perder o carro. No carro, na verdade, você não COMPROU O CARRO, você comprou o crédito e a empresa financeira pagou à concessionária ou à revendedora do carro, cobrando de você o dinheiro gasto no pagamento.
Se a financeira não pagar o carro à concessionária você não o leva pra casa.
O que estamos aqui expondo é que o preço do dinheiro enquanto mercadoria não sofre qualquer regulação em nossa sociedade. Os detentores do crédito é que estabelecem, ao seu bel prazer, quanto vai custar esse crédito e ainda somam a esse custo o tal spread, de forma generalizada, caso alguns compradores do crédito não venham a pagá-lo. Assim é bom demais, não !!
Na privatização da energia, no governo FHC, foram assinados contratos de reajustamento de tarifas com índices bem mais altos que os normalmente usados.
Dali até hoje nada se fez para baixar o custo do dinheiro.
Agora, com a crise financeira mundial entrando no País, o governo LULA liberou mais dinheiro a ser usado pelos bancos. Pois bem, houve bancos que pegaram essa bolada e compraram títulos públicos, sem oferecer mais dinheiro e sem baixar o custo(juros) desse dinheiro novo que deveria ser oferecido como crédito.Pode ?
A matéria em seguida revela quanto às alturas foram jogados os juros, apesar de todas as facilidades geradas pelo governo. O que será que o governo diz disso, os bancos aproveitando a crise para tirar mais ainda dos compradores do "dinheiro"(crédito) sob a forma de juros e de spreads ?
E você, alguma vez já "comprou" dinheiro sem sequer pensar nessas artimanhas do capital financeiro ?
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