domingo, 16 de novembro de 2008

Estuários dos rios Jaboatão e Pirapama sofrem com poluição progressiva












Do site da Universidade Federal Rural de Pernambuco


“É importante destacar que em muitos trechos do rio, as populações ribeirinhas utilizam de águas poluídas para lavar roupa, tomar banho, buscar alimento, entre outras coisas. Como se tratam de áreas poluídas, riscos para a saúde são bastante eminentes”, frisou o pesquisador, referindo-se ao rio Jaboatão.


Estudos realizados pelo pesquisador Fernando de Figueiredo Porto Neto, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), revelaram informações preocupantes em relação ao atual estado ambiental nos estuários dos rios Jaboatão e Pirapama. Segundo o pesquisador, ao longo da última década, as águas desses dois rios foram contaminadas por vários tipos de descargas poluentes, que acarretaram uma diminuição significativa em suas biodiversidades e comprometeram de forma contundente seus potenciais como ecossistema.

O diagnóstico realizado por Fernando Porto Neto nos dois estuários iniciou no ano de 2006 e se estendeu até setembro deste ano. Para a análise da atual situação da biodiversidade dos rios, o pesquisador tomou como base dados registrados há 12 anos pela pesquisadora Liana Fernandes, professora aposentada do Departamento de Pesca e Aqüicultura (Depaq) da UFRPE. Já para averiguação dos elementos abióticos (salinidade, nutrientes, amônia, temperatura da água), Porto Neto utilizou e informações contidas em relatórios da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), registradas entre 2001 e 2006.

No estuário do Pirapama, os resultados encontrados demonstram que o rio sofre com a ação de agentes poluentes ligados principalmente às atividades agrícolas. Adubos inorgânicos, pesticidas e agrotóxicos estão entre as substâncias encontradas pelo pesquisador e que acentuam o grau de degradação do rio.

“Como o leito do Pirapama cruza regiões ligadas à produção agroindustrial e a pequenas propriedades agrícolas, o rio acaba sofrendo com a ação de dejetos referentes a estas atividades”, denuncia o pesquisador.

A situação do estuário do Jaboatão é ainda mais grave. O alto índice de poluição encontrado no rio, proveniente principalmente de esgoto doméstico, além de dejetos industriais e lixo, fez com que a biodiversidade e a biomassa do rio se reduzissem a apenas 10% do que era há 12 anos.

Se em estudos realizados em 1996 foram encontradas uma densidade de 92 ostras por metro de raiz - número considerado baixo em relação a outros estuários -, no presente estudo Porto Neto registrou a estatística de apenas 48 indivíduos por metro de raiz. A densidade populacional de caranguejos, siris e camarões caiu em 90%. Diversas espécies de peixes, presentes nas águas do Jaboatão há 12 anos, sequer foram encontradas no estudo da UFRPE.

Além da queda na biomassa e na biodiversidade, uma análise realizada com ostras e caranguejos do rio verificou que os pescados restantes no local não são adequados ao consumo humano. Coliformes fecais, microalgas tóxicas, bactérias e metais pesados – Alumínio, Cádmio, Mercúrio, entre outros – foram encontrados em níveis extremamente elevados. Em alguns trechos, como em comunidades de Pontes de Carvalho, no Cabo de Santo Agostinho, as águas do Jaboatão mais parecem esgoto a céu aberto.

“É importante destacar que em muitos trechos do rio, as populações ribeirinhas utilizam de águas poluídas para lavar roupa, tomar banho, buscar alimento, entre outras coisas. Como se tratam de áreas poluídas, riscos para a saúde são bastante eminentes”, frisou o pesquisador, referindo-se ao rio Jaboatão.

“Eu acredito que, se nada for feito, daqui a 10 anos o Jaboatão será um rio morto, com suas condições como ecossistema completamente comprometidas, tornando-se um ambiente propício apenas para desenvolvimento de pouquíssimas espécies com densidades bastante reduzidas – associadas à área estuarina –, além de bactérias”, completou Porto Neto.


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