quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um jantar, cinco deputados, idéias, projetos e utopias pela frente











Pela ordem, Paulo Rubem, Nazareno Fonteles, Ivan Valente, Chico Alencar e Biscaia



Três ex-candidatos a Prefeito das capitais de seus respectivos estados em 2008. Um ex-Procurador Geral, Chefe do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro e que também foi Secretário Nacional de Justiça na atual gestão do Ministro Tarso Genro. Um ex-dirigente sindical da educação básica e de entidade docente, candidato a governador de seu Estado em 1990.
Juntos, num jantar plural, debatendo a conjuntura, relembrando Dom Helder Câmara e Paulo Freire,recuperando sonhos, paradigmas e utopias, pensando e atuando a partir de 2009 para , quem sabe, juntando-se a outros mais, chegarem em 2010 com novas propostas para o parlamento, para a sociedade civil e para o país.

Assim foi o jantar desta terça-feira à noite em Brasília, reunindo os Deputados Chico Alencar(PSOL-RJ), Ivan Valente ( PSOL-SP), Nazareno Fonteles(PT-PI), Antônio Carlos Biscaia(PT-RJ) e Paulo Rubem Santiago(PDT-PE).
A Deputada Luisa Erundina(PSB-SP), havia confirmado a presença mas , embora entusiasmada com o encontro, não pode comparecer por leves problemas de saúde.
Ainda haviam sido convidados Francisco Praciano(PT-AM), candidato a Prefeito de Manaus este ano e Luis Alberto(PT-BA), Ex-Secretário Estadual de Políticas para a Igualdade Racial do Governo de Jacques Wagner ( PT-BA), novamente em exercício na Câmara Federal, mas que não puderam comparecer.

Em comum, entre os presentes,além dos mandatos que exercem, um histórico de militância na educação pública( como Chico, Ivan e Paulo Rubem), na saúde ( Nazareno foi Secretário de Saúde do Estado do Piauí na gestão de Welington Dias, pela segunda vez governador do Estado pelo PT)e na área do combate à corrupção ( Biscaia foi o Procurador Geral de Justiça que provocou ou o processo de prisão do bicheiro, já falecido, Castor de Andrade, no Rio de Janeiro ).

Mais do que isso, os cinco foram eleitos em 2002 pelo PT ( Biscaia e Ivan já haviam sido eleitos antes ) junto com o primeiro mandato de LULA e integraram o "Bloco de Esquerda", grupo com até 22 deputados federais petistas de 2003 a 2006 que contestava os rumos da política macroeconomica de Pallocci e Meirelles e que exigiu a apuração de todas as denúncias de corrupção que envolviam dirigentes e parlamentares do partido.

No jantar uma conclusão unificou os cinco parlamentares.
Hoje estamos submetidos a uma espécie de ditadura do pensamento único na condução dos assuntos da economia, sobretudo agora com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos com as hipotecas residenciais.
A imposição desse contexto atropela valores fundamentais da democracia e, pela supremacia dos interesses de uma economia que reivindica cada vez mais produção e consumo, gera individualismos, seríssimos problemas ambientais,isolamentos sociais e falta de solidariedade às situações mais extremas de exclusão em que vivem milhões de brasileiros em todo o país.
O debate da crise, que envolve a amplição ou não de gastos e investimentos no país, a situação do câmbio ( relação Real-Dólar e outras moedas),das taxas de juros e do crédito, está restrito a um seleto grupo de "formuladores" e "comentaristas", quase todos do mesmo time, sem que o país possa acompanhar e conhecer outras avaliações sobre as razões da crise, as consequências da mesma sobre nossa economia e os rumos a serem seguidos.

A avaliação é reforçada pela compreensão de que poucos orgãos de comunicação abrem espaço para o debate de idéias conflitantes e de opções diferentes para a condução das decisões governamentais nesse momento. Nesse sentido é revelador que as mesmas vozes que há uma década pregavam a redução do tamanho do estado e a liberalização do câmbio, via livre fluxo de capitais, que pregavam um mercado sem regulação alguma, hoje pedem que o estado socorra bancos, empresas e investimentos, combatendo, contudo, prováveis atos de estatização das instituições que pedem ajuda ao Estado, sobretudo os bancos pequenos e médios. Essas vozes, contudo, não perdem a chance de repetir a velha cantiga da redução de gastos públicos, das despesas correntes e de pessoal, sem tocarem, entretanto, na criminosa sangria de recursos do tesouro praticada pelo pagamento de juros da dívida pública.

Esse monopólio do debate nas vozes de poucos atores gera um clima de apatia e certa mediocridade na produção autônoma da Câmara dos Deputados. Por isso os participantes do jantar avaliam como interessante a formulação de uma agenda de debates, de iniciativas plurais (envolvendo gente de vários partidos de esquerda e do campo democrático) e de intenso diálogo com os movimentos sociais e sindicais, recuperando-se a experiência de ativismo social que predominou nos anos 70 e 80 do século XX, terra fértil que contribuiu na formação do PT e da CUT.

Os deputados observam que há uma certa apatia dos movimentos sociais e sindicais com o governo LULA, junto ao qual buscam alguns avanços deixando de lado, porém, o debate das questões estruturais de nosso modelo de desenvolvimento, concentração e dstribuição de riquezas.

Um novo encontro deve acontecer ainda em 2008 para que se possa iniciar o desenho da agenda de mobilização e debates para 2009, evitando-se que na Câmara Federal se calem e sejam excluídos aqueles que, por razões eventuais, não ocupam funções de liderança nem de presidências de comissões ou relatorias, nos quais está concentrada boa parte da repercussão dos trabalhos que acontecem no parlamento, sem que isso espelhe, na verdade, o amplo debate de idéias, de conteúdo e de propostas sobre a situação de nosso país e de nossa classe trabalhadora.

Em tese se deverá buscar uma maior interlocução com escritores, intelectuais e economistas com produção crítica frente ao atual quadro das "idéias" dominantes.

Um bom começo, uma ótima retomada !!!

ps. No jantar não foram consumidas bebidas alcoólicas.

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