quinta-feira, 17 de abril de 2008

É HOJE O DIA

Hoje, a partir das 19h, terá início o julgamento do processo em que o PT pede a cassação do mandato de Paulo Rubem. Estaremos atualizando esse blog com informações diretas de Brasília durante a noite. Por enquanto, aproveito para postar um texto do blog História Vermelha, de Braulio Wanderley, mais um petista que fez questão de demonstrar sua solidariedade com o mandato. Quem quiser conferir o que o companheiro de Petrolina anda escrevendo: http://www.historiavermelha.blogspot.com/.

TESTEMUNHO EM DEFESA DA ÉTICA

Dedico este artigo em nome do mandato de um dos mais combativos parlamentares progressistas do Brasil, Paulo Rubem Santiago.

Conheço não só a trajetória política, mas a pessoa física de Paulo Rubem. Um cidadão sério, capaz de se indignar com as injustiças e os desmandos daqueles que fazem da coisa pública um mecanismo de benefícios pessoais.

Presidente da Associação de Professores de Pernambuco (atual Sintepe), fundador do PT e da CUT, Vereador por Recife, deputado estadual e federal, além de candidato ao governo do estado (1990) e a prefeito de Jaboatão (2000 e 2004). O extenso currículo de Paulo Rubem se confunde com a ascensão política do PT e de algumas de suas lideranças.

Em 1990, Paulo Rubem é lançado candidato ao governo de PE num período em que o Partido dos Trabalhadores era tratado por toda a esquerda sob pejorativos como: "fracionista, hegemônico e sectário". Nesta eleição "olímpica" o PT elegeu seus dois primeiros deputados estaduais - o atual prefeito do Recife, João Paulo e o secretário das cidades Humberto Costa. Naquela eleição, toda a esquerda apoiou Jarbas Vasconcelos (PMDB) contra Joaquim Francisco (PFL), o qual este último saiu vitorioso em 1º turno.

Em 1992, Paulo é eleito vereador por Recife e em 1994 se consagra deputado estadual, repetindo este feito em 1998.

Naquela ocasião, eu presidia o Diretório Acadêmico Gregório Bezerra, da Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata, campus da Universidade de Pernambuco (FFPNM/UPE) e percebi o esvaziamento da campanha de Paulo Rubem à reeleição do seu mandato de deputado estadual, por parte do PT, em virtude das suas contundentes críticas ao escândalo dos precatórios e à sua postura aguerrida aos desmandos de qualquer gestor público que não esteja orientado pelo viés da ética e da transparência ao erário. Paulo Rubem obteve cerca de 16.000 votos e foi reeleito com os votos da legenda petista.

Novamente isolado, vivi a primeira campanha de Paulo Rubem à prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (segunda maior cidade de Pernambuco), auxiliando-o pelo PT na condição de diretoriano municipal, quando percebi que a seriedade do candidato entrava em conflito com as instâncias partidárias a nível nacional e estadual (dos recursos financeiros até ao auxílio político). Destaco uma visita do companheiro Lula ao estado para auxiliar nas campanhas de João Paulo e Luciana Santos, em Recife e Olinda, respectivamente e sequer os diretórios nacional e estadual cogitaram uma passagem em Jaboatão, mesmo diante de tanto clamor por parte da miltância e das forças que compunham a aliança naquela eleição (PT, PPS, PCdoB, PTB, PMN e PCB).

Após conquistar cerca de 20% dos votos quando todas as pesquisas indicavam cerca de 4% e ter sido o terceiro candidato mais votado (o que provocou o segundo turno), dois anos após Paulo se consagra deputado federal com mais de 90.000 votos, sendo reeleito para mais uma legislatura federal em 2006.

Crítico e defensor dos ideais que marcam a história do PT, Paulo Rubem entrou mais uma vez em choque com a direção petista no escândalo do mensalão por defender a apuração total de seus envolvidos e recentemente foi excluído da relatoria da comissão mista de orçamento. A defesa da ética na pólítica, a fiscalização do erário em comunhão com o ministério público sempre foram, e ainda são, marcas do legislador Paulo Rubem Santiago. Não obstante, sua honradez não é respeitada pela postura equivocada do Diretório Nacional do PT em requisitar seu mandato o acusando de infidelidade.

Não poderia sonegar a minha solidariedade a um mandato em nome dos princípios que construíram o PT: a ética e o socialismo. Causas que foram secundarizadas pela direção partidária nesses anos de governo Lula em nome da "governabilidade". Sou diretoriano petista em Petrolina - a qual na reunião do último sábdo (11) solicitei minha constatação em ata desta defesa ao mandato do companheiro.

Fui contrário à saída de Paulo Rubem do Partido (e conversamos aqui em Petrolina sobre isso), mas sua seriedade é tanta que ele organizou plenárias em alguns munícipios para comunicar sua decisão à militância (diferentemente de outros que quando realizam plenárias de desfiliação agem com a finalidade de cooptar). Não estamos tratando de um mandato, estamos discutindo a perseguição de 18 um total de 28 anos de existência do PT a um dos seus mais qualitativos quadros orgânicos, sempre disposto aos sacrifícios da construção partidária e sem apegos aos aparelhismos governamentais ou aos grupos políticos que fazem política com o fígado.

Tendo como estopim a cassação in loco de sua postulação à prefeitura de Jaboatão, Paulo decidiu se organizar (após 28 anos de sua única filiação partidária) no Partido Democrático Trabalhista (PDT), mantendo-se na base dos governos Lula e Eduardo Campos.

Por isso endosso meu apoio ao amigo, companheiro e deputado federal Paulo Rubem Santiago em defesa de um mandato socialista a serviço da ética, por Jaboatão, por Pernambuco e pelo Brasil.

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