quarta-feira, 16 de abril de 2008
MIOPIA , BURRICE OU ... ? BANCO CENTRAL AUMENTA A TAXA BÁSICA DE JUROS EM 0,5 %
Da "Folha de São Paulo", edição on-line".
O BC (Banco Central) anunciou nesta quarta-feira (16) o primeiro aumento da taxa básica de juros desde maio de 2005. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar, por unanimidade, a Selic em meio ponto percentual, de 11,25% para 11,75% ao ano. É a maior taxa desde junho de 2007, quando a Selic era de 12%.
"Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectiva para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% ao ano, sem viés. O comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado", afirma comunicado divulgado pelo Copom.
Embora a alta dos juros já fosse esperada, a maioria dos economistas apostava em um aumento menor, de 0,25 ponto percentual. Uma parte do mercado avaliava, no entanto, que o BC deveria promover um aumento mais forte dos juros agora para evitar que a inflação ficasse fora de controle.
O aumento dos juros era esperado desde a divulgação da ata da última reunião do Copom, quando o BC mostrou estar preocupado com o crescimento da inflação nos últimos meses e informou que uma elevação da taxa fora discutida pelo grupo.
COMENTÁRIOS DO BLOG
Pois é, essa elevação altera a dívida pública pois os títulos cuja remuneração é calculada pela taxa SELIC ( pós-fixados) representam próximo de 35% do total da dívida mobiliária.
É só ir no Relatório Mensal do BC sobre a Dívida Pública Mobiliária para vermos qual o valor total da dívida nesses títulos e aplicarmos mais 0.5 %. Veremos em quanto subirá a dívida.Ver em www.bc.gov.br
Essa decisão é a repetição de um vício que afronta a democracia e o bom senso.
Afronta a democracia pois essas autoridades não se submetem a nenhum controle externo nem a avaliação sobre suas decisões. Julgam as decisões como sendo eminentemente "técnicas", o que é uma mentira.
Aumentando ou diminuindo taxas de juros mexem na transferência ou não de receitas do tesouro para os detentores desses títulos.
Além disso a tese de que a melhor forma de se combater a inflação é aumentando-se os juros pode ser facilmente contestada seja na afirmação de Márcio Pochmann ( conforme nota no começo do blog, do lado direito) ou ainda lendo-se JOÃO SICSU ( em " Teoria e Evidências sobre o Regime de Metas Inflacionárias ", capítulo 10 de " Emprego, Juros e Câmbio", Editora Campus-Elsevier, 2006).
Por isso impõe-se uma reforma na gestão da dívida pública e na condução da política monetária estabelecendo-se a efetiva clareza sobre tais decisões sobre o conjunto das contas públicas e das prioridades sociais e constitucionais para o país combater a pobreza e reduzir as desigualdades regionais, como se afirma no artigo 3o. da CF de 1988.
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ENTENDA COMO A TAXA BÁSICA DE JUROS INFLUENCIA A ECONOMIA
(MATÉRIA DA FOLHA DE SÃO PAULO, Edição ON-LINE DE HOJE, 16 DE ABRIL DE 2008 )
A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle. Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender esse maior consumo. Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento, a economia desacelera e você evita que os preços subam.
Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o BC também diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo.
É por isso que os empresários pedem corte nas taxas, para viabilizar investimentos. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.
Em um cenário normal, é também por esse motivo que as Bolsas sobem nos Estados Unidos ao menor sinal do Federal Reserve (BC dos EUA) de que os juros possam cair.
Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida suga como um ralo o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo.
Selic
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979 pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos.
O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias.
Hoje, Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia.
Copom
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.
O Copom se reúne em dois dias seguidos. No primeiro dia da reunião, participam também os chefes dos seguintes: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin).
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