terça-feira, 3 de março de 2009

Em Santa Cruz do Capibaribe mandato discute a Crise Financeira Mundial, seus impactos e como enfrentá-la no Brasil



Por Paulo Rubem

Atendendo a convite do Vereador Prof. Afrânio, e também da Direção da FADIRE- Faculdade de Desenvolvimento e Integração Regional de Santa Cruz do Capibaribe, conhecida como capital da "Sulanca", pela expressiva produção da confecção em malhas, o mandato fez palestra seguida de debates com estudantes de nível superior em Administração e Ciências Contábeis nesse município, na noite dessa segunda-feira. A cidade fica a 180 km de Recife, aproximadamente.

Na ocasião expusemos uma retrospectiva das crises ocorridas em países como o Brasil, desde os anos de 1970 do século XX, chegando aos governos de FHC e LULA, detalhando o processo de formação da atual crise, iniciada com negócios bancários realizados nos Estados Unidos para financiar a aquisição de casas para consumidores de parcelas de menor renda da população americana.

Destacamos que o processo, antes, no início, considerado um fato local e setorial,da área habitacional, chegou às dimensões hoje conhecidas exatamente pela expansão e pela ganância lucrativa das operações realizadas , umas derivadas de outras,com ativos financeiros. Por essas operações, certos contratos com determinados ganhos esperados eram empacotados como novos negócios, bancados pelo lucro também esperado de outros negócios, assumidos por novos compradores.

Um exemplo.

A empresta para B comprar sua casa e espera ganhar um determinado valor por isso ( JUROS pelo empréstimo, por exemplo ), além de receber o principal emprestado em 20 anos, digamos.

A então pega esses ganhos que seriam pagos periodicamente ( JUROS ) e o principal, em 20 anos, e transforma num novo negócio, antecipando essas receitas para si, empacotando-o e vendendo para C, que o compra esperando, também, esses lucros futuros.

E assim segue a "brincadeira ".

Ora, quando B deixa de ter condições de pagar pelo empréstimo recebido de A, a expectativa de A de receber lucros se modifica. Mas se A já vendeu esse negócio para outro, quem se prejudica é C.

No caso americano o empréstimo feito para compra de casas era garantido pela hipoteca das casas. Sem receber de B, A toma a casa e tenta vendê-la para recuperar o que foi emprestado.

Como eram milhares de contratos, a venda de milhares de casas tomadas dos devedores colocou os preços lá embaixo.

Bem, assim A teve prejuízos enormes e todos os contratos que haviam sido feitos em função dos lucros que A esperava foram de água abaixo.

O resto é conhecido, em bancos e empresas.

Três níveis de problemas foram descobertos nessa crise.

Primeiro a perda de rendimentos pelos bancos que emprestaram.

Depois, quando essas perdas crresceram, a perda de solvência. O que se esperava receber já não era suficiente para pagar os passivos dos bancos e das empresas.

Depois, mais grave ainda, as perdas de patrimônio. Os bancos e as empresas tiveram que VENDER patrimônio para pagar os enormes passivos gerados com a crise das hipotecas.

A crise sinalizou a falta de controle, prevenção e limites impostos aos negócios do mercado. Quanto maiores os riscos, maiores eram as expectativas de ganhos e mais altos os juros cobrados nas transações.

Nesse ambiente, quando setores inteiros começam a desmonorar, corre a notícia por outras esferas de negócios e ai muitos querem se desfazer de seus ativos comprados à espera de lucros futuros. Assim a crise saiu da esfera imobiliária e se espalhou por milhares de outros negócios.

Essa crise desmascara a superioridade do mercado para fazer negócios, gerar riquezas,desenvolvimento e prosperidade no mundo.

Ressalta ainda a necessidade dos estados nacionais ( governo dos países )terem força politica e capacidade de regulação e controle desses negócios, sobretudo quando há dinheiro externo invadindo os países em busca de lucros fáceis, com elevasdas taxas de juros.

Muitas reflexões ainda se farão mas a lição é evidente.

O "mercado" não é regra, por si só, para nenhum governo, nem seus interesses devem ser tratados como dogmas ou imposições obrigatórias por nenhuma política econômica que vise orientar o crescimento e o desenvolvimento das nações.
Vamos acompanhar o processo em curso.

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Nas fotos, imagens do debate.

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