quarta-feira, 4 de junho de 2008

PREVALECEU A MIOPIA MONETÁRIA : COPOM SOBE EM 0,5% A TAXA BÁSICA DE JUROS ( SELIC )



Por Paulo Rubem

Prevaleceu a mesmice.Veja matéria da "Folha de São Paulo" on line desta quarta-feira, após nossos comentários aqui escritos.

Sem chance sequer para se pensar porque os preços de alimentos estão subindo.

De novo, a regra conservadora foi seguida.

Sinal de aumento de preços é alavanca para que suba a taxa de juros.

Vejam só o que isso provoca, além de enriquecer os já mais ricos om a dívida pública:

1. Esse aumento da taxa aumenta a dívida pública nos títulos remunerados pela SELIC;

2. Com os últimos aumentos o total de títulos da dívida mobiliária remunerados pela SELIC volta a ultrapassar o montante da dívida em títulos pré-fixados;

3. Esse aumento dos juros vai estimular que, novamente, mais dólares venham ao país atraídos por essa remuneração em títulos públicos, inclusive sem incidência de imposto de renda aos investidores estrangeiros;

4. Mais dólares no mercado farão cair a cotação do dólar frente ao real. Para frear essa valorização do real o Banco Central deverá comprar mais dólares no mercado;

5. Ao comprar mais dólares , em seguida, vende títulos públicos que tem em sua carteira, para tirar de circulação os reais que pagou pelos dólares, sem o que, esses reais podem estimular a demanda por novos produtos, podendo se gerar mais inflação caso a demanda seja maior que a oferta;

6. Os dólares que estão nas reservas cambiais são aplicados em títulos estrangeiros e em depósitos em instituições inetrnacionais, para serem remunerados;

7. Em geral essa remuneração é mais baixa do que o custo fiscal dos títulos públicos vendidos pelo Banco Central para se tirar de circulação os reais usados na compra dos dólares.

Ou seja, a manutenção de reservas compradas ao mercado tem impacto fiscal negativo nas contas. Se , além disso, as demais operações com moeda estrangeira vêm ocorrendo antes do aumento dos juros e da entrada de mais dólares no país, o que é reserva hoje com o dólar valendo, por exemplo R$1,70, amanhã, se o dólar cair( para R$ 1,60), essas reservas darão prejuízo ao BC quando convertidas em reais;

8. Esse prejuízo do BC nessas e outras operações é coberto pelo tesouro nacional, que emite títulos e os entrega ao BC, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000.

Cansou dessa seqüência ? Não ?

Tente ler de novo, devagar, e entender essa maluquice imposta à sociedade que paga impostos indiretos e regressivos e que transfere essa receita para o tesouro nacional, que é onde batem as pressões para se pagar juros da dívida pública e os títulos que vencem e são resgatados pelo tesouro.
Tudo para não haver conflitos com os detentores dos títulos da dívida pública.

E tudo isso ao arrepio do controle democrático do Congresso Nacional, onde todo o poder que emana do povo é exercido por meio de seus representantes eleitos.Só há um porém.

Em 1988, quando foi escrita a nova Constituição Federal, a força dos grupos financeiros fez com que se colocasse na Constituição um pequeno detalhe, no artigo 166, parágrafo 3o., Inciso II, alínea " b" . Ai se afirma que os parlamentares estão impedidos de alterar as receitas previstas para pagamento de serviços(juros) da dívida pública, nos projetos de lei destinados aos orçamentos anuais.
Mais claro impossível.

Todo poder emana do povo. Esse poder é exercido por seus representantes eleitos. Mas não é o poder todo que é exercido,só uma parte. A parte do orçamento que é votado pelos congressistas separando receitas para juros está fora do exercício do poder pelos representantes do povo. Essa parte nós não podemos alterar.

Bem, essa elevação das taxas de juros pode até fazer a inflação ficar bem comportada, voltando aos 4,5 % ao ano ou ficando até, no máximo, 2% acima disso, sem aceleração.Ou não.

Os cidadãos que decidem a subida dos juros não fazem campanha para chegar lá onde estão. Se suas decisões aumentarem a dívida e para isso for necessário se retirar mais dinheiro do tesouro para o pagamento de juros, prejudicando os investimentos sociais em saúde, educação, saneamento e habitação... paciência.
Eles tomam essas decisões com total autonomia e sem nenhum risco de serem punidos por isso.

Muitos, depois, voltam à iniciativa privada, como quase todos que já passaram pelo Banco Central, para trabalhar com volumosos negócios financeiros,formação de fundos de investimentos, muitos dos quais, aplicam seus ativos em ... títulos da dívida pública !!

Para conferir os números, consequências e impactos da dívida pública é bom acessar alguns dos sites abaixo:

1. www.stn.fazenda.gov.br
2. www.bc.gov.br
3. www.inesc.org.br
4. www.criticaeconomica.wordpress.com

Ou buscar os escritos de alguns desses autores :

1. João Sicsu
2. Paulo Nogueira Batista Jr.
3. Luis Fernando de Paula
4. Fernando Ferrari
5. Luis Nassif
6. Paulo Rabelo de Castro

Entre outros.

Como acessá-los ?
Vá no Google ( www.google.com ) e coloque o nome de cada um deles no retângulo em branco que aparecerá no site do Google. Em seguida, surgirão textos por eles elaborados tratando dessa matéria.

segue a matéria. boa leitura.
.............................

Inflação faz Copom subir juros pela 2ª vez seguida; Selic vai a 12,25%

Da Redação
Em São Paulo

O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu por unanimidade elevar a Selic (taxa básica de juros) em 0,5 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano. O avanço da inflação pesou na decisão. O país continua com a maior taxa real de juros do mundo, entre as principais economias.


Economistas esperavam juros maiores

Ciclo de juros altos acaba neste ano, diz ex-BC
Indústria critica Copom e pede que governo gaste menos
Opine sobre a alta na taxa de juros

Essa foi a segunda elevação seguida dos juros (na última reunião do Copom, em abril, a taxa subiu de 11,25% para 11,75%).

A nova taxa de 12,25% valerá pelos próximos 45 dias. O encontro seguinte do comitê ocorrerá nos dias 22 e 23 de julho.

Relação entre juros e inflação

O país possui um sistema de metas de inflação e, para manter o índice de preços dentro do previsto, trabalha com a política de juros. Caso os juros do país estejam altos, o consumidor tende a comprar menos, porque a prestação de seu financiamento vai ser mais alta. Isso reflete na queda da inflação (saiba mais sobre a relação entre juros e inflação).

Há receio entre economistas e governo de que a inflação saia de controle. Entre maio de 2007 e abril de 2008, por exemplo, alguns importantes índices de inflação do país mostraram alta considerável.

É o caso do índice de inflação oficial, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), utilizado como referência para reajuste de muitos contratos de aluguéis de imóveis, e do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), empregado normalmente em reajustes salariais.

Entre maio de 2007 e abril de 2008, o IPCA acumulado subiu 5,04%, o IGP-M, 9,80% e o INPC, 5,90% (veja quadro abaixo).

Devido ao aumento da inflação, economistas presentes em um seminário de investimentos em São Paulo na semana passada afirmaram que o Copom precisará elevar a taxa de juros em mais 3 pontos percentuais até o final do ano para combater a inflação "preocupante". Neste caso, a Selic terminaria 2008 em 14,25% anuais.

Maior taxa de juro real do mundo

Segundo estudo elaborado pelo economista Jason Vieira, da UpTrend Consultoria, o Brasil continua na liderança do ranking dos maiores juros reais do mundo (veja tabela abaixo).

RANKING DE JUROS REAIS

(Fonte: UpTrend)
Brasil 6,9%
Austrália 5,5%
Turquia 5,3%
Colômbia 3,7%
México 2,6%

Essa pesquisa da UpTrend considera somente os países que, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), vendem seus títulos de dívida pública no exterior.

Com a elevação da Selic para 12,25% ao ano, o juro real brasileiro passou para 6,9% ao ano. O juro real é representado pela taxa de juro menos a inflação.

Quem decide a taxa Selic

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.

O Copom se reúne em dois dias seguidos. No primeiro dia da reunião, participam também os chefes dos seguintes Departamentos do Banco Central: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin).

Nenhum comentário: