quinta-feira, 15 de maio de 2008

Bem vinda senadora Marina!

À senadora Marina Silva;

Para uns o PT é cada vez mais forte. Afinal, é o maior partido da Câmara dos Deputados, tem o presidente da República e alguns dos mais importantes prefeitos e governadores do País.

Para mim, deixar o Partido dos Trabalhadores, que ajudei a fundar e no qual estive por 28 anos, foi uma decisão longamente pensada e sofrida de realizar. Mas a saída da ministra Marina Silva mostra que é preciso tomar atitudes corajosas diante da destruição de construções coletivas.
O PT que eu ajudei a construir é cada vez mais fraco. Aquele sonho que conhecemos e construímos desde o princípio, ao lado de pessoas como Chico Mendes, resiste em algumas guerreiras como a senadora Marina.

A forte guerreira passou tempo demais dentro desta gestão, tendo dado respaldo nacional e internacional à uma política ambiental sempre atacada por dentro e por fora do Governo. Foi, durante cinco anos, um escudo das políticas ambientais do Governo Federal.

No Congresso Nacional, votei contra a divisão do Ibama para a criação do Instituto Chico Mendes e demonstrei o contingenciamento aplicado na execução orçamentária do órgão. Também tivemos posição contrária ao projeto aprovado semana passada que cria o que o deputado federal Chico Alencar (P-Sol) apelidou de “Plano de Aceleração da Grilagem”. E agora aguardamos carinhosamente a presença da ex-ministra no Congresso Nacional para que ela lidere a luta em defesa da Amazonia no Senado.

Antes isolada no Governo Federal, a demissão da ministra Marina Silva torna pública a forte pressão sobre este Ministério para o afrouxamento das normas ambientais como forma de acomodar os interesses econômicos imediatistas em prejuízos Amazônia e às populações tradicionais da região.

A importação de pneus usados, a liberação dos transgênicos – contrabandeados e ilegais, a ampliação das áreas desmatadas para cultivo, o esgarçamento da legislação ambiental para acolher projetos danosos à natureza e às populações, a transposição do Rio São Francisco, a ausência de políticas de desenvolvimento sócio-ambiental sustentável, como o congelamento do PAS desde 2003 são alguns exemplos do que a ministra teve que enfrentar.

Imagino a dificuldade para Marina Silva sustentar sua saúde física. Felizmente, a pequena guerreira sai dessa etapa mais forte do que entrou. E pode estar confiante de que não estará sozinha no Congresso Nacional, pois estaremos lutando ao seu lado pelas causas ambientais. A saída da ministra Marina Silva só não representa a vitória do desenvolvimento predatório, pois vários deputados e senadores estão aguardando ansiosamente o momento de nos encontrarmos para lutar unidos no Congresso Nacional.

Um passo atrás, para podermos voltar a andar para a frente nas causas ambientais.

Bem vinda senadora!

Deputado Federal
Paulo Rubem Santiago (PDT-PE)

Nenhum comentário: